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Pedro Maia: “O FITNESS É A MINHA ARTE E O BTT A MINHA PAIXÃO!”

Pedro Maia - 2016 WEMBO WC ROTORUA-NEW ZEALAND

O Português Pedro Maia, atualmente com 62 anos, é um apaixonado pelas ultramaratonas em BTT. Desde 2013, já conquistou títulos de Campeão do Mundo e da Europa, no seu age group. Agora, preparar-se para, em 2022, voltar a disputar estas competições ao mais alto nível!

O Pedro Maia dedicou toda a sua vida ao desporto, o qual elegeu desde cedo como hobby e profissão. Está na Indústria do Fitness como Instrutor, Personal Trainer e Formador, desde 1977. Hoje é Master Trainer de Spinning® e atleta federado em ciclismo, na classe veterano 60+. Descreve-se com uma simples frase “O FITNESS É A MINHA ARTE E O BTT A MINHA PAIXÃO!”

É uma pessoa naturalmente calma, metódica e resiliente, focada na superação e na excelência. Um “hard Trainer” que gosta de planear ao detalhe as competições, investindo no apurar da técnica e da performance, para continuar a somar vitórias.

Como é que o desporto se transformou no teu hobby e na tua profissão?

Ainda no liceu, como complemento às aulas de Educação Física, comecei a praticar Judo e mais tarde remo. Passados alguns anos, “apaixonei-me” por uma modalidade um tanto discutível na altura, o Culturismo. Foi aí que se deu toda uma viragem, não só no aspeto físico, como relativamente à minha atitude perante a vida. Mudei radicalmente a minha forma de estar, aderi ao conceito higiénico de vida “mente sana en corpore sano”, que naquela altura não estava ainda muito em voga. Também, desde tenra idade, estive ligado à bicicleta. De forma lúdica, no início, e, mais tarde, como atividade complementar aos treinos de ginásio.

És um especialista em provas de longa distância. Como se transformaram na tua paixão?

Em meados dos anos oitenta, quando vivi nos Estados Unidos, tive o primeiro contacto com o BTT (bicicletas de todo-o-terreno). Depois de vários anos a praticar BTT, competi nas primeiras provas de Cross Country em Portugal, onde alcancei bons resultados. Contudo, fruto dos desafios profissionais que na altura abracei na área do fitness, comecei a competir apenas esparsamente em algumas maratonas de BTT, mas sem grandes objetivos competitivos. Aos 48 Anos, no ano de 2007, com a carreira mais estabilizada e com mais tempo disponível, decidi fazer a minha primeira prova de Ultra-Resistência – as 24 Horas de Monsanto, em Lisboa. Este tipo de provas estava no seu início e eu procurei formatar os meus treinos às características das mesmas. Fiquei em 7º da geral, entre várias centenas de concorrentes, um resultado que superou as minhas espectativas, apesar da minha idade. A partir daí surgiu a paixão…

As ultramaratonas em BTT são provas muito exigentes a nível físico, psicológico e nutricional. Pedro Maia, na tua opinião quais são os maiores desafios enfrentados por um atleta que pratica esta modalidade?

Na minha perspetiva, o principal desafio reside nos vários detalhes que devem ser avaliados e testados durante os treinos. Depois de um Treino de Base Aeróbica, com a duração aproximada de 8 semanas, recomendo um treino específico para este tipo de provas durante 12 semanas. Tem por objetivo desenvolver capacidades fisiológicas e mentais. Estas são fundamentais para superar os desafios de competições que podem implicar mais de 50 voltas a um circuito de todo-o-terreno, durante 24/25 horas, com os mais variados perfis e acumulados de subida e descida, e em condições meteorológicas por vezes muito adversas.

Mas, há sempre um “mas”, porque para mim o verdeiro desafio é a gestão da nutrição durante a prova! E, também aqui, importa testar vários tipos de suporte alimentar durante os treinos, para depois serem usados em competição. Os alimentos e a suplementação têm de ser de alta qualidade, de fácil ingestão e assimilação, e devem ir variando ao longo da prova. Como imaginam, ao longo da minha vida, já usei diversas marcas de suplementação alimentar, mas devo confessar que os diversos produtos da INNERME, devido à sua composição e características, fazem para mim o pleno, pois são de assimulação rápida e eficaz. Depois uso também o que apelido de “comida/comida”, podendo alguns dos alimentos que utilizo até parecer estranhos para quem está a competir a este nível, mas no meu caso resultam bem. Imaginem misturas com massa fuzile, feijão encarnado e seitan, entre outros. À primeira vista parece que vai sobrecarregar o sistema gástrico, mas comigo funciona bem. É claro que não será para toda a gente e cada um terá as suas preferências. De qualquer forma, existe uma regra de ouro que vivamente recomendo e sigo: NUNCA experimento comida ou suplementos em competição. NUNCA!

Em quantos países já competiste e quantas provas já disputaste?

Costumo dizer que “a bicicleta leva-me a sítios que a escola nunca me há-de levar!” Graças às competições e, claro está, à ajuda da minha esposa e “Pit manager”, a Tina Maia, assim como a todos os que de alguma forma me apoiam, tenho a felicidade de conhecer muitos países e pessoas que de outra forma dificilmente conheceria. Já competi em Espanha, França, Itália, Eslováquia, Inglaterra, Escócia, Estados Unidos da América, Canadá, Brasil, Austrália, Nova Zelândia e em Portugal de lés-a-lés.

No que respeita a provas, o rol é extenso, já participei em bem mais de 200. Vou referir apenas as mais importantes de Ultra-resistência: três Campeonatos Europeus das 24H of Exposure, no Reino Unido; três troféus Ibéricos 24H PT OPEN; todos os Campeonatos do Mundo 24H da WEMBO, num total de oito; mais quatro Campeonatos Europeus 24H da WEMBO; e em Portugal, o Portugal Bike Race (500 km), o Madrid -> Lisboa (770 km), a Travessia Transmontana, o Serpa 160, duas vezes as 24 horas de Monsanto, Famalicão, Coruche, Valongo, Vizela e, tantas outras provas que serviram principalmente de preparação para os Eventos mais importantes.

De entre as diversas competições em que participaste, quais foram as 3 mais desafiantes?

Possivelmente o Campeonato do Mundo na Escócia, em 2018, em que durante toda a prova se registaram temperaturas negativas e chuva. O Campeonato Europeu na Eslováquia, em 2018, foi outro grande desafio, decorreu sob tanta chuva e trovoada, que a prova até esteve interrompida durante 2 horas. Por último, destaco uma prova do Campeonato Ibérico PT OPEN, em Proença-a-Nova, onde as temperaturas rondaram os 42 graus durante o dia e 30 e muitos graus mesmo durante a noite, parecia o “inferno sobre rodas”.

És e sempre foste um dos melhores atletas portugueses de ultramaratona em BTT. Quantos pódios já conquistaste e em quantas provas te sagraste campeão no geral e no teu age group?

2021 PEDRO MAIA PT INT OPEN 6H VALONGO PORTUGALO termo “melhor”, faz-me sempre pensar, pois depende muitos fatores e é de uma relatividade extrema neste contexto competitivo. Aqui estamos todos juntos, pois procuramos, com certeza, dar o
nosso melhor e por vezes as coisas correm melhor para uns do que para outros. “É a vida dos Artistas!”

Já conquistei mais do que 40 pódios no meu age group em ultramaratonas em BTT, mas na classificação geral nunca me sagrei Campeão. Destaco os mais importantes: No troféu PT OPEN em 2010 e 2011, fui Campeão Ibérico 50+; em 2013, no Reino Unido, conquistei o título de Campeão da Europa 50+; em 2014 em Fort Williams/Escócia, sagrei-me Campeão do Mundo 55+; na Nova Zelândia, em 2016, fui Vice-Campeão do Mundo 55+; em 2019, no Brasil renovei o título de Vice-Campeão da Mundo 55+ e em Penafiel/Portugal o de Vice-Campeão da Europa 55+. Entretanto, em 2021, após o interregno de provas motivado pela pandemia, venci o PT International Open Mountain Bike 6H 60+, que decorreu em Valongo/Portugal.

Pedro Maia, que conselhos darias a quem se quer iniciar em provas de ultradistância?

SOMETIMES YOU WIN ......IIHoje em dia, procuram-se resultados imediatos e protagonismo. De facto, todos nós temos os nossos sonhos e devemos fazer o que realisticamente está ao nosso alcance para os fazer acontecer, pois caso contrário esses sonhos transformam-se em fantasias. Há que dar tempo ao tempo, trabalhar afincadamente com método, definir objetivos concretos e começar com competições de menor duração, para ir ganhando experiência. É importante “começar inteligente para acabar FORTE” e ter sempre em mente que “UMA VEZES GANHA-SE, OUTRAS APRENDE-SE”! E eu já aprendi bastante e com certeza vou continuar a aprender até morrer.

Aos 62 anos manténs um desempenho desportivo invejável. Que segredos escondes?

Não tenho segredos e não escondo o que faço. Sou um livro aberto e procuro sempre ajudar quem procura os meus conselhos. Procuro viver de forma equilibrada e, sobretudo, com objetivos concretos. Sou paciente. Esperei 55 anos para ser Campeão do Mundo! E não fico por aqui, pois darei sempre o meu melhor, é uma forma de retribuir a todos os que me apoiam. Nunca desistirei! Estou a preparar-me para o campeonato do mundo da WEMBO 24h em Itália, em maio de 2022 e para o campeonato da Europa WEMBO, que decorre na República Checa em Junho.